Um lugar na janela
Martha Medeiros
Este é o título do mais recente
livro de Martha Medeiros, a autora narra suas viagens em várias fases de sua vida.
Nesta crônica “Nós”, ela faz uma
reflexão sobre viajar sozinha.
Numa sociedade que condena a
solidão como uma doença é natural que as pessoas se sintam desconfortáveis ao
circularem desacompanhadas. Pena. Tão
preocupadas com sua autoimagem, perdem a
chance de se conhecer mais profundamente e de se divertir com elas próprias.
Vivi recentemente esta experiência.
Tirei dez dias de férias, aproveitei para flanar,ler,rever amigos e observar a
vida acontecendo ao redor, sem pressa, sem mapas e guias. Dormir até mais tarde e almoçar na hora que
batesse a fome. Estar disponível para conversar com estranhos, andar de
bicicleta ouvindo músicas por cidades estrangeiras.
Solitários, somos todos, faz
parte da nossa essência. Não é defeito de fabricação ou inadequação ao mundo, a
solidão confirma nossa dignidade.
Se você não se atura, melhor não
viajar em sua própria companhia. Mas se
está tudo bem entre “vocês” saiam por aí e descubram como é bom sentar num café em um dia de sol, pedir algo
para beber enquanto lê um bom livro, subir até os terraços para apreciar as
paisagens, entrar em lojas e museus e ficar o tempo que desejar, caminhar sem
trajeto definido, nem horário para voltar.
Vergonha? Senti poucas vezes na
vida, quando me reconheci dentro da própria pele. Mas estando em mim, jamais estarei só.
Viajar sozinha é uma Lua de mel
consigo mesmo.
“Viajar é trocar a roupa da alma”
Mario Quintana
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